terça-feira, 26 de março de 2013


RESENHA DO ÁLBUM: UNDER A VIOLET MOON...




A cada audição, uma nota diferente. Cada vez que coloco no CD-player o disco “Blackmore’s Night – Under a Violet Moon”, sinto que está para nascer alguém que consiga com que eu descubra mais sons e sinta mais vibrações positivas vindas das músicas que o Ritchie Blackmore compôs.

“Wind in the Willows” é a minha preferida. O caráter de paz da música se traduz nas letras, que nos mostra que a fome, a miséria e a falta de fé (não apenas a falta de Deus no coração, mas a falta de solidariedade com os outros) podem ser combatidas e eliminadas com apenas um gesto de vontade. Os acordes são límpidos, claros; Blackmore e os outros músicos do grupo “Blackmore’s Night” elaboraram uma canção que nos enche de alegria. As vozes são belas, que nos mostram a boa-vontade que ainda vive no coração dos homens. Festa para os ouvidos, pois o violão clássico de Ritchie Blackmore se faz ouvir com acordes belíssimos que nos levam ao otimismo e à felicidade. É pena acabar tão cedo, é a melhor canção do disco, sem dúvida.

“Castles and Dreams” é puro deleite de alguém que ama e pensa em como a noite é curta e ilusória – “Oh, how dark the night... / It always seems those Castles and Dreams / Fade with the morning light...”  Ou mesmo as coisas belas que nos cercam, como o amor de alguém se revelar ás vezes triste, mas sempre perene, como uma jóia perigosa, um amor que não é nada mais, nada menos, inseguro e que pode ou não dar certo...  A guitarra de Blackmore surge suave e ao mesmo tempo penetrante, em que o ouvinte sente de fato “fisgadas”, que atingem o âmago da nossa alma. A voz fantástica de Candice Night nos fazendo pensar em nossa amada, talvez longe, em um reino e presa na torre do castelo...  Algo para se ouvir sempre. Assim como um canto de um pássaro ou o correr de um riacho cristalino.

“Under a Violet Moon”! Personagens míticos, mas muito terrenos – mendigos, videntes – pertencentes às épocas medieval, renascentista, de ontem e de hoje, dançam ao som rítmico, sempre ao luar violeta de uma lua mágica. A percussão marca o ritmo de uma trova hipnótica, que nos leva a bater com o pé, acompanhando cada compasso, vibrante e alegre, assim como deve ser a vida de um menestrel ou de um trovador, que ganha a vida fazendo o que mais gosta: cantar, tocar, dançar.

“Past Time with good Company”:  vida de diversão, caçadas, canto, dança e namoro pode ser a existência de todos nós, mortais. Isso é o que a canção me diz, a música é entoada de forma sempre constante e sem exageros por Candice Night, como um rio não enfadonho, mas calmo e sempre em paz. A vida, diz a música, tem de ser vivida com um (a) companheiro (a) que nos seja o melhor, o mais adequado, mesmo que uma vida preguiçosa assim represente um verdadeiro vício. As notas mais agudas do instrumento de Blackmore nos mostram preguiçosamente uma imagem mental de diversão, ao lado dos tons dos instrumentos de sopro, que surgem para espalhar o ócio em suas destacadas e graves notas.

“Morning Star” – violinos agudos e penetrantes no começo dão lugar à alegria da voz de Candice Night – maravilhosamene entoada, com um “sustain”, um timbre único, ecoando agradavelmente ao fundo, se estendendo a cada palavra – e a guitarra de Blackmore é rápida, claramente influenciada pela música cigana. A música é fantasia.  Uma letra esquiva nos diz que, uma vez findado o sonho e a ilusão, quando formos nós mesmos, saberemos então que nosso sonho (nosso objetivo) nunca estará longe e inalcançável. A “Estrela da Manhã” – objeto precioso do nosso desejo – é o objetivo que queremos alcançar.

“Avalon”. Reino mítico das sagas medievais. Essa música, cantiga que embala o coração de nós, tolos e sensíveis, em que Avalon era governada pela magia e por reis, onde o luar pousava junto aos muros dos castelos de contos de fadas e o rouxinol sempre canta e nos dá a felicidade pura da infância. A toada inocente do grupo “Blackmore’s Night” nos traz serenidade, a voz de Candice Night nos acalma e é fascinante . O violão do mestre acompanha a letra de forma bela e ondulada.

“Gone With the Wind”.  Vibrante, rasgando a melodia, a guitarra elétrica de Blackmore nos eletriza e é algo sublime, travando uma luta entre agudas notas que nos leva ao êxtase. A voz de Candice conta uma história terrível, de medo e fúria infernal, o entoar grave das vozes ao fundo nos levam a uma outra dimensão, a do épico, remetenddo ao grupo “Romanoff Singers”, que cantavam músicas como “Os Barqueiros do Volga”.  “Gone with the Wind” é extasiante, nos excita, nos arranca da vida comum que é o cotidiano e nos leva ao entusiasmo que só as notas mais agudas da guitarra podem proporcionar.

 “Beyond the Sunset”. Triste balada que conta uma história de tragédia, que sempre sucede a batalha, quando os soldados feridos retornam dos campos de batalha e os mortos são pranteados. A guitarra sensível de Ritchie Blackmore nos dá essa sensação a princípio, acompanhada a seguir dos violinos, com a esperança na paz. Uma composição madura em sua execução, brilhante ao conseguir nos passar uma idéia de como é a guerra, a batalha violenta.

“March the Heroes Home”.  Os acordes de Blackmore, a percussão, a voz ora alegre, ora sussurrante de Candice, a letra que louva os soldados corajosos e bravos, o alívio quando eles retornam sãos e salvos, a guerra que finda, tudo leva a nos fazer ouvintes contentes e confiantes. A guitarra de Ritchie Blackmore nos enche de sensações estimulantes. O final é pura magia, suas notas de influência notadamente clássica.

“Spanish Nights (I Remember Well)”. No início, guitarra clássica altamente trabalhada. Música cigana veloz e estimulante é aliada à voz de Candice, que alcança tons melódicos de suspense, como se nos avisasse que alguma coisa irá se suceder. Ela clama que se lembra de Malagueña, algo silencioso como um sussurro, que se move como um felino e dominou a caravana negra no deserto frio.  A atmosfera é de caos, como quando nos encontramos frente a frente ao perigo.

“Catherine Howard”s Fate”. Triste melodia muito bem executada por Ritchie, que trabalha como ninguém as cordas, conta uma história tão emotiva, que só um guitarrista clássico pode executar. Candice chora a canção, nos fazendo perceber como  Catherine Howard deveria ter se sentido perante o seu marido, o mais nobre dos reis, o mais gentil dos maridos, mas traído, que talvez não a deixe viver, depois de saber que sua esposa é adúltera...

“Fool’s Gold”. Uma história contada no meio de uma roda de amigos, à volta de uma fogueira, à noite, talvez. Notas fantásticas da guitarra, onde belas notas nos levam a uma atmosfera notavelmente medieval. Porque, por mais que a ouçamos, essa canção nunca é plenamente desvendada, seus segredos são mais escondidos quando se chega ao final.

“Durch den Wald zum bach haus”.  No alemão, significa “através deste bosque, até a casa do riacho”. Uma música alegre, de esperança, de romantismo, em que se passeia por um lugar sombreado, de preferência um bosque ou uma campina, em um clima bucólico. Algo para se refletir, uma mensagem de otimismo, pela mão precisa do guitarrista em grande forma, seus acordes sempre combinando com os outros instrumentos, o violino mágico e a percussão rascante.

“Now and Then”. Uma canção sonhadora de amor puro e muito humano. A guitarra sensível de Blackmore acompanha a letra, que nos fala da partida do amado e da recuperação sofrida de um coração partido. Rithie Blackmore é um mestre das emoções, nesta música tão triste, quanto verdadeira. Para ser apreciada saudosamente pelos que já amaram profundamente o seu par escolhido.

“Self Portrait”. O auto-retrato do pesadelo da descida ao Inferno, com o pagamento de uma dívida com o Diabo é cantado de forma eficaz e versátil por Candice Night, que imprime uma nota de ameaça á música. Uma canção que começa calma e depois se transforma em uma cascata de notas vigorosas e ágeis. Uma canção bem escolhida como o fecho de um disco magistral, que mescla fantasia medieval e romantismo.

Ritchie Blackmore é extemamente competente, quando imprime o seu toque mágico, deixando este disco com um estilo próprio do mestre dos menestréis. Aliás, Blackmore é sempre feliz em dar a cada um de seus álbuns um estilo próprio, que combina com a letra às vezes triste, mas sempre fantástica, remetendo ao período nebuloso da Idade Média e à esperança da Renascença de outrora.

Longa vida ao casal Ritchie & Candice Blackmore!
Por: Roberto Fiori

Fonte: http://blackmoresnightbrazil.blogspot.com.br/?expref=next-blog


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