sexta-feira, 28 de dezembro de 2012


A HISTÓRIA DA REVISTA MAD PARTE 1......

E aí galera? Como prometido aqui está a história da revista MAD acompanhada de um episódio da MADtv, começando agora da parte 1.

A trajetória da MAD no Brasil se divide em quatro séries: a primeira teve 103 números e durou de 1974 a 1983; a segunda série teve 158 números e durou de 1984 a 2000; a terceira série começou em 2000 e terminou em 2006 com 46 números publicados; a quarta série iniciou em março de 2008 e dura até hoje! Além da revista tradicional, todas as séries citadas lançaram diversas edições especiais.

Fonte: http://www.madmania.com.br/index.htm

História - Por Otacílio d´Assunção



A história da revista MAD tem mais de meio século. Embora ela tenha demorado 22 anos para chegar ao Brasil, desde 1952 tem feito a cabeça de norte-americanos de várias gerações. Quando o primeiro número foi publicado em setembro de 1952, poucas pessoas se aperceberam de que aquilo seria uma mania que iria durar décadas e décadas a fio. Hoje, ultrapassada a barreira do ano 2000, a MAD continua firme e forte, e individualmente é a revista mais vendida da DC Comics, que atualmente controla a revista.

 Como tudo começou? Por incrível que pareça, por mero acaso. O criador da revista, Harvey Kurtzman, trabalhava para a E.C. Publications, que estava faturando bem por ter lançado uma linha de revistas de terror que fazia o maior sucesso, das quais Tales From The Crypt era o carro-chefe. Os Contos da Cripta foram criados pelo dono da editora, William Gaines, e pelo editor do grupo de terror e ficção-científica, Al Feldstein. Eram histórias apresentadas por uma trinca de âncoras sobrenaturais: O Zelador da Cripta, o Guardião da Câmara e a Bruxa Velha. Esses três, nas páginas das revistas de terror da editora, contavam histórias macabras com um estilo bem cínico, que logo se destacaram da concorrência, tornando a E.C. a líder no mercado. Todas as revistas de terror eram editadas por Al Feldstein, que escrevia a maioria das histórias, mas a Entertaining Comics Gordon, Lone Ranger, Pato Donald e outros personagens famosos da época eram implacavelmente escrachados pela revista, e o público delirava.

O sucesso da revista motivou o aparecimento de um sem-número de imitações, uma delas sendo Panic, lançada pela própria EC e que era considerada "a única imitação autorizada de MAD". Usava basicamente o mesmo grupo de colaboradores (Will Elder, Jack Davis, John Severin e Wally Wood) e a única diferença era que era editada por Feldstein. Gaines agora estava literalmente nadando em dinheiro, pois não só as revistas de terror davam um bom lucro, como MAD estava faturando horrores. Só que um  pequeno problema aconteceu: nos EUA  começou uma perseguição aos gibis, e principalmente contra os de terror da EC, considerados barra-pesada demais por psicólogos, pedagogos e autoridades. Foi instaurada uma CPI no Senado norte-americano para estudar o problema e todas as baterias se voltaram contra Gaines. Na verdade, tudo não passou de uma articulação política das editoras concorrentes para retirá-lo do mercado, mas os efeitos foram devastadores: jornaleiros e distribuidores, temendo represálias, começaram a se recusar a vender as revistas e o império de Gaines desmoronou. Ele tentou, ainda, mudar a linha editorial da E.C., mas o fracasso foi total: somente a MAD sobreviveu ao massacre.



MAD escapou, mas não iria resistir muito, pois o cerco estava se fechando. Uma nova lei regula­mentava os gibis, que tinham que ser submetidos à censura prévia, e necessitavam de um selinho de aprovação de um Código de Ética para poderem chegar às bancas.



Foi aí que Kurtzman propôs a Gaines uma mudança radical na revista: a partir do número 24, MAD foi transformada de um gibi de 32 páginas em cores em uma revista em formato maior, com mais páginas, em preto e branco. Era uma maneira de burlar a censura, pois esse novo formato não estava sujeito a ser submetido ao Código.



 A nova fórmula do MAD fez mais sucesso ainda que a anterior, garantindo a sobrevivência financeira da E.C., mas novos pro­blemas co­meçaram: Kurtzman começou a se desen­tender com Gaines e aca­bou puxando o carro. Gaines não teve outra saída a não ser contratar Feldstein (que havia ficado desempre­gado com a falência das revistas de terror) para tocar a MAD. Sob a editoria de Feldstein, a MAD se popularizou ainda mais. Embora seu humor não fosse tão corrosivo e genial como o de Kurtzman, ele fez alguns incrementos que puxaram a tiragem mais para cima ainda, a começar pela sua decisão de colocar o perso­nagem Alfred E. Neuman em todas as capas.



Como a equipe de Kurtzman se demitiu em solidariedade a ele, Feldstein teve que arregimentar um novo time de colaboradores, e assim entraram para as fileiras da revista nomes como Don Martin, Dave Berg, Al Jaffee e Mort Drucker, e mais tarde dois latinos, o mexicano Aragonés e o cubano Prohias (criador do Spy Vs. Spy). Esses e mais outros formavam a equipe dos "mesmos idiotas de sempre" que durante mais vinte ou trinta anos foram mantendo o mesmo padrão, que elevou a tiragem para perto de três milhões de exemplares — um dos maiores sucessos editoriais de que se tem notícia.

Foi mais ou menos quando a revista estava nesse pique que ela chegou ao Brasil.

Por que a versão brasileira da MAD levou tanto tempo para aparecer? A revista já existia nos EUA desde 1952, e sua edição original era figurinha fácil em qualquer banca ou livraria que vendesse revistas importadas. Todo mundo conhecia a revista, no entanto até a década de 70 nenhuma editora se atreveu a lançar uma tradução, embora a revista tivesse passado pela mesa de várias editoras importantes. Qual a explicação disso? Simplesmente porque todos achavam que seria impossível traduzi-la.

Várias editoras importantes tinham simplesmente recusado publicar a revista. Ninguém levava fé que a revista fosse emplacar aqui! A coisa mais próxima da Mad que apareceu no Brasil foi uma imitação que teve o título O Loco, e era publicada pela Editora Taika. O Loco era uma cópia escarrada da MAD americana, toda feita aqui por um maluco chamado Clive Pop que escrevia e desenhava praticamente tudo com a ajuda de uns poucos colaboradores. Durou apenas três números até que a editora Taika que lançava a revista resolveu cancelá-la. Pop fez mais uma tentativa uns dois anos depois, relançando a revista com outro formato e um novo título: O São. Esta durou só dois números e também desapareceu.

Foi então que surgiu uma editora "nova" no mercado, a Vecchi. Na verdade, a Vecchi era uma das editoras mais antigas do Brasil, mas publicava principalmente fotonovelas, e sua única revista em quadrinhos, Tex, não vendia lá essas coisas. Em 1973, Lotário Vecchi, o bam-bam-bam da editora, resolveu expandir sua linha de publicações e adquiriu vários títulos e personagens e precisava de alguém para cuidar do novo setor. Por intermédio de um amigo comum, Eduardo Baron, fui apresentado ao Lotário, que fez a mais estranha entrevista de emprego de que se tem notícia: - Sr. Otacílio, vamos ver se o senhor entende mesmo de histórias em quadrinhos, vou fazer um teste. Quem são os sobrinhos do Pato Donald? Qual a namorada do Mickey? Qual o nome do cachorro do Fantasma? Achei as perguntas ridículas. Não sabia se ele estava me gozando ou falava sério. Hesitei entre mandar o cara praquele lugar e responder. Acabei optando por responder, meio sem jeito. No final do interrogatório, Lotário se levantou entusiasmado, apertou a minha mão e disse: - Sr. Otacílio, o senhor foi o melhor candidato que apareceu aqui até agora. O emprego é seu! Parabéns! Saí de lá descrente, achando meu futuro patrão completamente imbecil. Qualquer idiota que tivesse dado as mesmas respostas teria sido contratado do mesmo jeito. Mas, algumas semanas depois, eu estava trabalhando em meu novo emprego.

A primeira revista lançada pela Vecchi, Eureka, foi um fracasso total. Entretanto, os lançamentos seguintes, revistinhas em formatinho de Gasparzinho e outros personagens infantis, tinham vendido bem, o que impediu que a recém-fundada editoria de quadrinhos fosse abortada prematuramente, mas o melhor ainda estava por vir. Lotário estava fechando um negócio "com uns ameri­canos" e me informou que eu teria um novo título para editar, só não disse qual era para não dar azar. Quando assinou a papelada finalmente falou do que se tratava: a nova revista misteriosa era a MAD!

Eu adorava a MAD e já comprava a edição americana desde moleque, por isso vibrei. O problema era que as únicas pessoas que acreditavam na revista éramos eu e o Lotário. Todo mundo em volta achava que seria outro fracasso como Eureka. Inimigos políticos de Lotário na própria família Vecchi torciam as mãos animados, achando que com mais esse fracasso teriam condições de dar um golpe de estado na editora e tomar o poder. Para piorar, a MAD havia fracassado em todos os países de línguas latinas onde havia sido lançada antes, inclusive na própria Itália. Distribuidores e outras editoras também torceram o nariz, achando que não passaria de cinco ou seis números. Por essa razão, a editora foi cautelosa e lançou apenas 40 mil exemplares do número 1, como teste, distribuindo a revista apenas nas praças do Rio e São Paulo. Se não vendesse, o encalhe seria distribuído para o resto do país e, bem... eu estaria com um pé na rua. Ninguém entendia o que um maluco cabeludo com cara de nerd estava fazendo numa editora tradicional de fotonovelas.

Fonte: http://www.madmania.com.br/historia_1.htm


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